A verdade sobre mentiras
Quando eu tinha nove anos, fui mandada de volta pra casa pela escola porque estava com piolhos. Esses pequenos insetos fizeram um estrago grande e indesejável no meu cabelo, que era bem crespo. Ainda me lembro do olhar terrível da minha professora. Eu não tinha ideia de onde havia pegado essas criaturas. Tudo o que eu sabia era que estava sendo mandada pra casa para minha mãe lidar com eles.
Lembro-me bem dela me tratando com um grande frasco de remédio para matar piolho e o pente fino. Quem se lembra dessas coisas? Pegar o pente fino era como dizer: “PARE! Você tem piolhos. Isso é vergonhoso!” Ainda me lembro das mãos ásperas da minha mãe esfregando ferozmente meus cabelos grossos enquanto os pequenos insetos se afogavam na espuma branca que pingava lentamente pelos dois lados do meu rosto. Que nojo!
Ao pensar naquela época da minha vida, eu provavelmente tinha tantas mentiras enraizadas na minha cabeça quanto tinha piolhos. Eu sei, pura metáfora! De tempos em tempos, eu processava o divórcio dos meus pais, e pude ver como cada mentira me consumia, fazendo-me coçar a cabeça em confusão. As pessoas perguntavam qual era o problema comigo. Essas mentiras se enterraram profundamente no meu cérebro, e sussurravam:
“Você não é inteligente.”
“Você não é bom em esportes.”
“Você não foi o suficiente para o seu pai ficar com você.”
O que eu precisava mesmo era de alguém para lavar definitivamente todas essas mentiras incutidas em minha mente. Eu precisava do equivalente humano “pente fino”, alguém para fazer uma grande diferença em minha vida. Eu precisava de alguém para reservar um tempo para descobrir as mentiras, uma a uma, até que todas se afogassem na verdade incandescente, e minha cabeça ficar lavada por completo. Eu precisava de alguém para se importar comigo, para me dizer que eu era importante, para me lembrar que eu era bom em algumas coisas, para me dizer que valia a pena.
“É nos relacionamentos que a geração sem pai foi mais profundamente ferida. Assim, é nas relações que a reconciliação deve começar. ” – John Sowers
Logo após conhecer Jesus, aos 17 anos, de repente eu conheci meu primeiro líder de pequeno grupo. O nome dele era João e ele liderou um grupo de 10 calouros da faculdade. João, muito rapidamente e de bom grado, entrou na espessura da minha vida. Ele não tinha medo de lutar contra todas as mentiras que me assolavam, e destruiu uma a uma. Seu compromisso comigo me fez ser convencido da verdade de quem eu realmente era e sou.
Aqui está o meu argumento: as crianças, deixadas por conta própria, são capazes de acreditar nas mentiras mais aterrorizantes sobre si mesmas.
Você pode fazer muitas coisas diferentes para lidar com isso, mas nada supera uma pessoa real e viva promovendo uma grande diferença em seu mundo e puxando você para fora da lama. Deus sabe o quão poderoso é para as pessoas Ele tornar-se humano, então, Ele nos mandou Jesus! Assim, Ele se fez alguém em quem as pessoas puderam ver, alguém que puderam ouvir com seus próprios ouvidos.
Através do exemplo de Jesus, os líderes de pequenos grupos têm a oportunidade de se colocarem à disposição daqueles que desejam desesperadamente serem vistos, serem conhecidos e terem um lugar para pertencerem. Se eu aprendi alguma coisa sobre a verdade, é que nossas vidas mudam para que possamos mudar outras vidas. Experimentamos a encarnação para expressarmos a encarnação.
Quem fez uma grande diferença em sua vida? Quem você conhece que pode estar precisando de alguém para você ser presente na vida dela?
Escrito por Daniel De Jesus
Traduzido e Adaptado por Carina Cortat
Pastor de crianças na Bent Tree Bible Fellowship